Friday, February 2, 2018

A história Iemanjá



Na liturgia Jeje-Nagô, a saudação a esse orixá é Ẹrú Iyá, que significa, Mãe dos escravos”. Talvez a história de Iemanjá explique a identificação desse maravilhoso Orixá com aqueles que sofrem.
O livro do seminal “Awọn Àṣà ati Orìṣà Ilẹ Yoruba” [ Tradições e Orixás da Terra Iorubá], escrito pelos professores Olu Daramola e Adebayo Jeje, e publicado pela primeira vez em 1967, nas páginas 247 a 249, conta a história de Iemanjá.
Nessa narrativa, Aginju e Iemanjá são filhos nascidos do casal Obatalá e Oduduwa, onde Obatalá é o pai e Oduduwa é a mãe. Obatalá na condição de Orixanlá vem a ser o líder de todos os Orixás masculinos enquanto Oduduwa seria a líder de todos os Orixás femininos. Essa narrativa, inclusive, contraria a maioria das versões orais sobre os Orixás, nas quais Odudua seria um Orixá masculino, pais físico de todos os Iorubá e fundador da cidade sagrada de Ile-Ifé.
            No dicionário “The First Ilustrated Yoruba Dictionary” [Primeiro Dicionário Ilustrado Iorubá] página 10, o verbete Aginjù tem como texto explicativo: Aginjù (n.) “1. desert, 2. wildernes, 3. uninhabitated land [ tradução: Aginjù (substantivo.) "1. deserto, 2. região selvagem, 3. terra desabitada].
O povo Iorubá, como uma grande variedade das culturas africanas, é marcadamente uma civilização formada com base no aprendizado direto dos processos da natureza. É por isso que, com relação a Aginju, se acredita que, maravilhados com a autonomia, a pujança, e a capacidade de restauração da vida nas matas e floresta, os Iorubá passaram a adorar Aginju, rendendo-lhe culto e homenagem. Em outros segmentos étnicos dentro dessa mesma cultura, o orixá Ilẹ [Terra] é adorado pelas mesmas características e atribuições de Aginju.
 A palavra Iemanjá é forma de escrita em alfabeto romano da palavra Iorubá Yemọja, cuja etimologia é: Ye que é uma compressão da palavra Yeye que significa mamãe + mọ que é uma compressão da palavra ọmọ que significa filho, criança, + ja que é, por sua vez, uma compressão da palavra ẹja que significa peixe.  Assim Yemọja [Iemanjá] significa “ Mãe dos filhos peixes. A essa divindade foi dado reinar sobre os cursos e corpos de água.
Conta a história que Aginju cresceu rapidamente e passou a buscar uma mulher para desposar. Ele era irmão de Iemanjá, que se tornou uma mulher da cor de ébano e de busto avantajado pela presença de seios enormes, com os quais nutre o mundo. Naquela época havia uma escassez de mulheres, e isso teria levado Aginju a desposar sua propria irmã Iemanjá. Dessa união carnal nasceu um filho ao qual foi dado o nome de Orungan. 
Esse filho cresceu rapidamente, e ao atingir a maturidade sexual buscou uma mulher para tomar como esposa. Não encontrando alternativa, possuiu sua propria mãe, Iemanjá.     
Esse ato abominável se tornou uma fonte insustentável de inquietação para Iemanjá, assim como também para Orungan. Iemanjá abandonou a sua posição de divindade e fugiu para o desconhecido Orungan por sua vez, decidiu foi tomado por pensamentos ruins e passou a buscar sua mãe para matá-la.
Depois de algum tempo de busca pela sua mãe ele a encontra no deserto. Mas ela também o avista e consegue escapar dele. Ele a persegue e no fim dessa perseguição, Iemanjá cai, e seu estômago explode de onde saem dezesseis orixás, dentre eles Olosa, a divindade dos lagos; Olokun, a divindade dos oceanos; Dada, a divindade da vegetação; Oxum, que se transformaria no orixá a orixá Oxum); Aje Saluga, a divindade da riqueza/ cauris; etc.

Referencia:

1.       DARAMOLA, O. JEJE, A. Awọn Àṣà ati Orìṣà Ilẹ Yoruba” [ Tradições e Orixás da Terra Iorubá], ONIBON-OJE PRESS, Ibadan, Nigéria 1ª Edição; 1967.

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