Saturday, December 24, 2011

Estudando Ioruba com a ajuda da bíblia

Para os estudantes de Ioruba no nível intermediário um grande avanço no conhecimento e utilização de recursos de comunicação podem ser adquiridos mediante o exercício da pesquisa individual independente. Por exemplo, a bíblia católica é um livro universal escrito em várias línguas, uma das quais é o Ioruba, e esta versão está disponível na Internet, no endereço:
http://www.archive.org/stream/rosettaproject_yor_gen-2#page/n0/mode/2up

A versão em Português aqui usada para comparação está no endereço:
http://www.vatican.va/archive/bible/genesis/documents/bible_genesis_po.html

Vamos estudar os primeiros cinco (5) versículos do Primeiro Livro:
Assim no primeiro livro, ou seja o Livro do Gênesis, vemos que em Iorubá, aparece ali no mesmo espaço onde ficaria o título em Português, a inscrição: Iwe Kini Mose, ti a npe ni Genesisi. Literalmente “Livro Primeiro,Moisés denominado Gênesis”. O trecho “ti a npe ni” (pode ser aproximado) aproxima-se do significado em Português: “que nós chamamos de” ou “que é chamado de”.
Em seguida, na primeira linha, ou seja versículo #1, aparece:
1.1 Li atekọşe Ọlọrun dá ọrun on aye.
Em Português, o versículo #1.1 tem o seguinte texto: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Estudando o significado das palavras-chave da sentença temos: Li é uma corruptela da preposição Ni . Esta forma é usada para iniciar uma frase honorífica; on = e ; ọrun on aye = céu e terra.
A partir do versículo #2, qualquer experiência anterior e mais um dicionário de Iorubá se fazem necessários. Se não vejamos:
1.2 Aye si wà ni jũju, o si şofo;òkunkun si wà loju ibú. Ęmi Ọlọrun si nràbaba loju omi. (jũju = caos, confusão; şofo = vazio, vazia ; òkunkun = trevas ; loju (ou ni oju) = em cima, na superfície) nràbaba = pairar ; ibú = profundezas, abismo). Agira comparemos com o texto em Português:
1:2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
O versículo #3:
1.3 Ọlọrun si wipe; Ki imọlę ki wà. Imọlę si wà.
Em Português:
1:3 Disse Deus: haja luz. E houve luz.
Literalmente, “Ọlọrun si wipe” = Deus disse... “Ki imọlę ki wà” = “Que (a) luz (que) se faça (presente, venha)”, e na seqüência: “Imọlę si wà” = (A) Luz se fez presente (chegou).
No versículo #4, o texto em Iorubá, diz:
1.4 Ọlọrun si ri imọlę na, pe o dara. Ọlọrun si pàla si agbedemeji imọlę on òkunkun
Literalmente, “Ọlọrun si ri imọlę na” = Deus (foi ver) viu essa Luz. Na seqüência, “pe o dara ” = que é (bom) boa. E : “Ọlọrun si pàla si agbedemeji” = Deus dividiu no meio (dividiu em duas partes, agbedemeji = centro, meio) imọlę on òkunkun =Luz e trevas.Em Português se lê:
1:4 Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.
No versículo #5:
1.5 Ọlọrun si pè imọlę ni Ọsán ati òkunkun ni Oru. Ati aşalę atí owurọ o di ọjọ kini
Em Português:
1:5 E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
E deixo para Você, leitor interessado, fazer a analogia entre os textos Iorubá e Português e assim continuar a prática que certamente lhe trará confiança e conhecimento.

O dabo!

Olùkợ Adelson

http://yeyeolade.wordpress.com/2011/09/26/yoruba-language-is-dying-save-it-by-doing-what-ojogbon-adeboye-babalolalate-told-us-to-do-each-one-correct-one-when-a-person-mixes-you-supply-the-correct-yoruba-phrase-and-they-will-learn-to-stop/

Wednesday, December 21, 2011

A língua Iorubá-nagô

Ioruba (nome nativo Èdè Yorùbá, "a língua iorubá") é uma linguagem do Niger-Congo falada na África Ocidental por cerca de 20 milhões de falantes. É a língua nativa do povo iorubá, falada, entre outras línguas, na Nigéria , Benin, Togo, Reino Unido, Brasil e EUA.e, Europa e nas Américas. É mais estreitamente relacionadas com a língua falada no Itsekiri Niger-Delta e Igala falado na região central da Nigéria. É mais amplamente relacionados a outras línguas nigerianas do Niger-Congo, incluindo Edo, ibo e Nupe.
Iorubá é um dos quatro idiomas oficiais da Nigéria e é um membro da família Níger-Congo de idiomas. É falada por cerca de 22 milhões de pessoas no sudoeste da Nigéria,
Iorubá apareceu pela primeira vez por escrito durante o século 19. As primeiras publicações iorubá foram uma série de folhetos ensinando produzido por John Raban em 1830-2. A pessoa que fez a maior contribuição para a alfabetização iorubá foi Bispo Ajayi (Samuel) Crowther (1806-1891), que estudaram muitas das línguas da Nigéria, incluindo iorubá, e escreveu e traduziu em alguns deles. Crowther foi também o primeiro bispo cristão de origem Oeste-Africana. A ortografia iorubá apareceu em cerca de 1850, embora tenha sofrido uma série de mudanças desde então.





Fonte: http://www.omniglot.com/writing/yoruba.htm

Na nossa Bahia, "Ko si Vodun, ko si Orisa"

Para entender o predomínio da etnia yorubá-nagô na Bahia é necessário recordar que, nas últimas décadas do tráfico negreiro, um enorme contingente de escravos dessa região foi trazido para Salvador. Nesse momento, os núcleos familiares também não foram tão desmembrados como no início da escravatura, permitindo uma maior manutenção da cultura e dos costumes. E logo esses se integraram a vida urbana da metrópole. Nos dizeres de Edison Carneiro, no clássico “Candomblés da Bahia”: "Os nagôs logo se constituíram numa espécie de elite e não encontraram dificuldade de impor à massa escrava a sua religião". E complementa: "Quanto aos negros muçulmanos (malês), uma minoria entre as minorias, que poderiam ser êmulos(rivais) dos nagôs, pelo seu sectarismo, afastavam não só os escravos como toda a sociedade branca". A própria Mãe Aninha Obá Biyi era filha de um casal de africanos da etnia grunci, os negros Aniyó e Azambiyó, mas fora iniciada no pelos nagôs da Casa Branca do Engenho Velho. A presença de Xangô, seu orixá, solidificou ainda mais as tradições iorubás em sua trajetória6 .Novamente a evidencia dos nagôs se destaca observando-se que Nina Rodrigues, um dos pioneiros da antropologia do negro africano no Brasil, desenvolveu a sua pesquisa em uma casa de candonblé nagô – o candomblé do Gantois - onde conheceu duas de suas antigas Mães - de-
Santo, a fundadora Maria Júlia da Conceição Nazaré, e sua sobrinha e sucessora, Pulcheria – as quais atribuíam ao seu candomblé uma origem unicamente iorubá-nagô. Essa opinião foi posteriormente revista pelo próprio Nina, quando tomou conhecimento da discutida obra do Coronel Ellis (e de como as teogonias daomeanas, foram influenciadas pelos sistemas de crenças de seus vizinhos iorubás. Nina escreveu, então: "Uma vez reunidos no Brasil e dominando a língua nagô, naturalmente Jejes, Txis e Gãs adotaram imediatamente as crenças e cultos iorubanos. E como depois da iorubana, é a mitologia jeje a mais complexa e elevada, antes se deve dizer que uma mitologia jeje-nagô, prevalece, e não uma mitologia puramente nagô 8.
Dado importante para efeito de localização e foco da tese que defendemos no presente trabalho, é denunciar o descaso com relação ao negro e ao Afrodescendente, abandonados a própria sorte pelo poder público antes durante e depois da experiência escravista. Sem dúvida que as vicissitudes, sejam em formas de doenças e enfermidades, sejam em formas de aflições do espírito, canalizaram as ligações dos negros com suas Divindades e respectivas hierarquias espirituais.
A consolidação de uma Cultura Afro-bahiana de base Jeje-nagô: A função social do Candomblé
Vivaldo Costa Lima ainda ressalta que “... o encontro episódico e pouco duradouro do tempo apenas 'necessário para a transação com os negreiros da Costa não seria bastante para provocar uma tão profunda. Só os pacíficos anos da convivência e do comércio vicinal é que permitem esse tipo de fenômeno. Ou, então, alianças dinásticas entre chefes de nações diferentes, fazendo com que a esposa estrangeira de um Rei trouxesse suas crenças e seus ritos para uma nova terra e aí os impusesse, por seu poder e status. Mas o processo "aculturativo" entre os nagôs e jeje se deve ter acentuado na Bahia, pelo começo do século XIX, com a participação de líderes religiosos das duas culturas em movimentos de resistência antiescravista.