Parabenizando a
Ekedi Cristielle França pelo programa Mojuba apresentado por ela na Rádio
Metrópole cuja a sintonia se faz na frequência FM 103.1 MHz, e que vai ao ar
todas as manhãs de Sábado, tornando esse dia da semana um momento dedicado a veiculação
de temas ligados ao Culto a Ancestralidade e ao Candomblé.
Sinalizo aqui uma frase dita pela Professora
Dra. Vanda Machado, uma sacerdotisa iniciada no Candomblé, durante o
programa levado ao ar no sábado dia 22 de dezembro próximo passado do qual ela
participou.
Aproveito para
parabenizar também ao outro membro da mesa o Professor Felipe Kayodé, a quem
peço a benção, e que nos deu uma aula sobre o caráter acolhedor que deve caracterizar
o momento de iniciação no serviço à Orixá, Vodun e Nkice.
Em uma de suas
intervenções durante o programa, essa religiosa, a quem peço a benção, disse
(talvez com palavras que não são exatamente o que a minha memória guardou):
– ...para
comungar o àṣẹ [axé] é fundamental sentir o calor do ẹran [animal], o salpicar
do ẹjẹ [sangue] enquanto pisa sobre Ilẹ̀ [terra, solo] com o pé descalço... –
Tal observação me
trouxe a mente um tema fundamental que nos dias de hoje, eventualmente, deixa
de ser “FORMALMENTE” endereçado durante a apresentação do abiã [candidato a iniciando] ao processo de iniciação Lẹsẹ Òrìṣà [literalmente “às ordens de Orixá”]:
a apresentação à Mãe Terra, que é a mãe da rocha, do leito, do berço no qual
nascerá um novo avatar de Orixá.
É na pedra, na rocha filha da terra que se
assentará Òrìṣà.
O noviço vai renascer
e passará pelo seu particular e específico Ìkómọjáde (cerimônia de
batismo da criança).
Nesse momento uma
oração muito usada no Ifá, que é a grande fonte de Sabedoria da qual jorra o Candomblé com um fragmento.
Nesse momento de reverencia à Mãe Terra, o pai pega a criança e coloca o pé dela sobre a terra fofa,
especialmente preparada segue recitando o seguinte verso:
Ilẹ̀
A o gbe ọmọ, a o fi ẹsẹ ọmọ naa tẹ̀ Ilẹ̀,
A o gbe ọmọ, a o fi ẹsẹ ọmọ naa tẹ̀ Ilẹ̀,
A o wà wúre bayi pe
Ilẹ̀ rẹẹ
o
Ilẹ̀ Ọ̀gẹ́rẹ́
Ilẹ̀ ni a ntẹ̀ ki a tò tẹ̀ omi
A ki nbinu Ilẹ̀ ki a máa tẹ̀
Bi o ba nrin nilẹ̀ ki ọmọ arayè ma binu rẹ
A ki nbalẹ̀ sowo ki a padanu,
Gbogbo ohun ti o ba da wolẹ̀ e lori,
Ilẹ̀ ayé yìí,
kò ni pàdánù.
Ilẹ̀ Ọ̀gẹ́rẹ́
Ilẹ̀ ni a ntẹ̀ ki a tò tẹ̀ omi
A ki nbinu Ilẹ̀ ki a máa tẹ̀
Bi o ba nrin nilẹ̀ ki ọmọ arayè ma binu rẹ
A ki nbalẹ̀ sowo ki a padanu,
Gbogbo ohun ti o ba da wolẹ̀ e lori,
Ilẹ̀ ayé yìí,
kò ni pàdánù.
Tradução
Terra
Trouxemos esse filho para pisar a terra.
Nós pedimos sua benção dizendo:
A terra que está espalhada pelo universo.
Mãe Terra
Mãe Terra
É nela que se pisa primeiramente, antes de se pisar na água.
Ninguém que tenha ódio da terra, pode se privar de pisar nela.
Quando você anda sobre a terra, não se pode ter ódio dela.
Todos que vivem sobre a terra, vivem dela, e não podem perde-la.
Ninguém que tenha ódio da terra, pode se privar de pisar nela.
Quando você anda sobre a terra, não se pode ter ódio dela.
Todos que vivem sobre a terra, vivem dela, e não podem perde-la.
– Tradução: Mawó Adelson (11/05/17)
Imagem: http://www4.guardian.co.tt/news/2013-01-13/orisha-celebration (acessado em 24/12/18)
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