Hoje é dia 2 de novembro de 2018 e comemoramos
o feriado de Finados, ou seja: todo o pais comemora nesse dia a “memória dos
mortos”.
Mas para
o povo do Candomblé a “memória dos mortos” é objeto de adoração diuturna e
constante, visto que, a nossa concepção de Vida no universo físico não se reduz
a uma manifestação carnal e temporária da divindade mediante um pacto animal.
À divindade que é a essência motor desse "pacto" em cada uma das pessoas, se dá o nome de ìrúnlẹ̀.
Contudo,
o autor Altair B. de Oliveira no livro “Cantando
para os Orixás”, na página 133, no cântico 26 para o Orixá Oxum (4ª edição,2007)
ele usa a palavra “ìrúnnmọlẹ̀”, que na tradução para o Português ( a qual ele anexa
ao cântico) ele escreve a palavra “Irunmalé”, sem maiores esclarecimentos com
relação ao seu significado.
Leituras
diversificadas e uma relativa familiarização com o Culto a Ancestralidade me
leva a reconhecer no motor do animal humano (seja “ìrúnlẹ̀”,
seja “ìrúnnmọlẹ̀”, ou mesmo “Irunmalé”), uma presença etérea que desconhece
o tempo como parâmetro diferenciador entre o que é eterno e o que é terreno.
Então,
do ponto de vista do Candomblé Iorubá-quêto-jeje-nagô, a Vida Eterna começa
muito antes do nascimento e consequente peregrinação animal do homem sobre a
superfície desse Planeta. Melhor dizendo: a sua “Vida Eterna” não vai “começar”
depois que você morrer visto ser essa "Vida", um Estágio Universal Onipresente por Todo o Sempre.
É a
essa visão de Vida humana no universo físico que os sacerdotes afro-doutrinadores que
estabeleceram e consolidaram os Fundamentos das liturgias Iorubá-quêto-jeje-nagô,
associam à Senioridade absoluta da Vida Eterna. Quer dizer, o caráter de “Eternidade”
é a expressão, em uma palavra, da constante evolução das relações de parentesco
e pertencimento entre os indivíduos humanos, e é uma das tarefas atribuídas pela
Divindade Absoluta , em algumas interpretações, aos Orixás Funfun (Orixás do Branco). Na interpretação que me é mais familiar, essa evolução é modulada pelos Orixás e/ou Nagô-Voduns da terra: o Clã de Sapatá, que é encabeçado por Nanã ( a Mãe fornecedora da
lama rica em aminoácidos de onde se forma o corpo humano para a Vida) e reune
as familias de energias (Voduns)
da terra (Ayi)
e os Orixás: Obaluayê, visto aqui como o “Senhor das Passagens”, já que orienta
o ìrúnlẹ̀ para
uma nova experiência de Vida, e Omolú, o filho que patrocina e traz a
restauração do binômio “corpo+alma”.
Essa restauração é
referida como “múdára”, ou seja “fazer
com que seja bom” (fazer com que fique bom) é dai que surge o cântico de louvor
a essa energia no qual o solista diz: “Ẹ jí múdá´,múdá’ ṣ´ó rere!”, que significa literalmente “Ele desperta a
restauração (do corpo e da alma) ,e isso o torna gentil”. E o coro dos fiéis
responde:
Ẹ jí múdá’, Ẹ jí múdá’,
Ẹ jí múdá’ ṣaarẹ wá
Tradução: Ele desperta a restauração (do corpo e da
alma),
Ele desperta a restauração (do corpo e da alma),
está cansado, chega (vem para casa).
Referencia:
1. Imagem;
http://povosyurubas.blogspot.com/2009/08/eguns-no-candomble.html
(acessado em 02/11/18)
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